Liberta-me
Liberta-me
Não ouviste pois não?
O murmurio das águas tristes
Escorrendo nestes terroríficos olhos
Ninguém ouviu ninguém sabe
O que todos viram, ninguém viu
O que todos sentiram, ninguém sentiu
Pois minha alma prendeu-se a imensa solidão
E ninguém conhece e conheceu verdadeiramente o meu negro coração!
Minhas garras são fracas e desleixadas para lutar
E és só tu quem ouve, mais ninguém
E és só tu quem me sente, e mais ninguém
E és tu quem limpa as lágrimas e me diz se estou errado
És tu que me abre a janela do meu quarto escuro, quando eu me tranco
E penso que jamais terei futuro
Que raiva que tenho deste monstro horrível que por vezes assombra minha alma
E a enfraquece, e a desvanece
Que raiva que eu tenho deste meu ser, tão fraco e cansado
E que apenas deseja viver
Meu maior medo é que vás, e não me digas para onde foste
O que me mata é às vezes pensar
Que os meus erros podem fazer-te desaparecer
Se te fores o Sol não brilha e as noites tornam-se frias
Se te fores eu me entrego às trevas, fico sem vida
Leva-me deste mundo em que um sorriso é apenas uma pura fantasia
Retira-me a dor destes tormentos assombrosos, odiosos, escabrosos…
Tira-me deste buraco onde estou metido e onde não existe alegria
Liberta-me daquele que da minha alma se apodera e a deixa sem vida
Porque meus olhos estão vidrados no sofrimento e não aguentam mais uma lágrima
Porque estas dores de cabeça não são meras dores de cabeça
E se tu não me as curas, elas não passam
Porque só o teu coração me aquece quando o frio é muito
Manda-me embora aquela sombra que me persegue em todos os passos
A sombra maligna que me quer fazer explodir, matar, ferir!....
Quero ficar distante dessa dor que me mata os dias
Quero que me faças sorrir e que sorrias!...
Liberta-me, por fim, desta dor
Ouviste-me, não me ouviste, meu amor?
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