Amanhã? um novo dia, sempre melhor...

quarta-feira, junho 14, 2006

Um sonho!!! Realidade!!! Talvez...

Um dia de sol, um jardim, enfeitado com bonitas flores primaveris que embelezavam o espaço em nosso redor.

Os pássaros, o vento cantavam.
Era uma harmonia perfeita.
A fonte ali mesmo à nossa frente marcava o ritmo.

Que espaço tão maravilhoso, tão esbelto… mas “tu” que estavas sentado ao meu lado, num banco do jardim, eras o rosto que eu queria tocar, eras a harmonia do meu coração.

O vento empurra-nos do banco e começámos a andar.

Andámos, andámos… sem saber porquê deixo de ouvir o som da água, dos pássaros, das crianças que com a rebeldia de conquistadores do mundo sonhavam e brincavam naquele jardim.
Passei a ouvir-te a ti… ouvia o teu “respirar”, o “saltitar” do teu coração, a doçura da tua voz…como se me tivesse fechado num mundo, em que nada mais existia para além de ti.
Sentia-me tão bem, tão seguro, tão feliz… nada mais existia, eras só tu… não tem muita lógica, afinal de contas um mundo assim tão “vazio”, um mundo escuro em que apenas só existiam duas pessoas, como poderia eu sentir-me tão bem? Apercebi-me então que consigo encontrar em ti tudo aquilo que me faz sentir assim, tão feliz…

Olho para ti, tu sorris, quando sorris o teu sorriso transforma-se em luz, numa luz tão quente, tão brilhante e intensa quanto a do sol.
O espaço que era escuro, rapidamente se transformava num espaço, luminoso.
O calor, a frescura do vento, tudo isso se resolve com um simples beijo.
Um simples toque servia para mudar de estação, se o espaço era frio, bastava um simples toque teu para se sentir um calor intenso.
Um espelho…Um espelho um olhar teu, no teu olhar conseguia ver-me.

Amizade, amor… Pergunto-te… Existe amizade e amor aqui?... tu sem responderes, pegas na minha mão e coloca-la junto ao teu peito… Que quer isto dizer? Pergunto eu, meio à toa… Não perguntes, sente! Diz-me … Pum.. pum... A minha mão vibrou, o teu coração tinha “pulado”, e a resposta estava dada.

Mas que mundo perfeito… sinto o vento na minha cara…

Voltava à realidade e quando “acordei”, estava perante um muro, um muro que como o meu mundo, era vazio mas que se tornava tão cheio e completo com a tua sombra…
Com a nossa sombra.

Um muro, um espelho, um mundo.

Estas são as sombras do meu sonho.

Um sonho que se tornou realidade.

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segunda-feira, junho 12, 2006

Lágrima

Uma brisa ergue-se do interior da terra e chega a mim, à consciência de mim: o meu rosto, os meus lábios, o meu corpo tocado por essa brisa.
Caminho por entre essa brisa a passar por mim, como se atravessasse uma multidão invisível.
A brisa, ao tocar os meus olhos, transforma-se em lágrimas que descem frias pelo meu rosto.
Os meus lábios.
Sinto-as e sinto a memória das vezes que chorei o desespero parado, mais triste, de lágrimas que descem lentamente pelo rosto.
O tempo passa por mim como qualquer coisa que passa por mim sem que a consiga imaginar e as lágrimas, que eram apenas a brisa a tocar os meus olhos, começam a ser lágrimas de desespero verdadeiro.
Páro no passeio.
O mundo pára.
E lembro-me de ti como uma faca, uma faca profunda, a lâmina infinita de uma faca espetada infinitamente em mim.
Não passou muito tempo desde que a manhã nasceu.
Passou muito tempo desde que me deixaste sózinho entre as sombras que se confundiam com a noite.
Noutras noites, olhámos para a lua.
Nesta noite, não olhámos para a lua.
Noutras noites, olhámos para a lua e enchemo-nos de desejos.
Nesta noite, não olhámos para a lua e sofremos.
Noutras noites, olhámos para a lua e não sabíamos o que era sofrer.
Escuridão e esperança.
Na lua, víamos mais do que o reflexo daquilo que queríamos inventar: os nossos sonhos.
Víamos um futuro que era maior do que os nossos sonhos e que nos envolvia e que nos puxava para dentro de si.
Nós sabíamos que nos esperava algo muito maior do que aquilo com que podíamos sonhar. Estávamos enganados.
Aqui, sobre estas pedras que brilham, sob estas lágrimas no meu rosto, sei que nos enganámos e sei a lâmina infinita de uma faca.

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